São várias as razões que podem levar ao hipotireoidismo. Uma delas é a falta ou o excesso de iodo no organismo. Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em 2001 mostrou que a quantidade de iodo na urina das crianças brasileiras estava acima dos níveis adequados - o que, com o tempo, pode predispor ao hipotireoidismo. Especialistas acreditam que um dos responsáveis pelo excesso de iodo no organismo das crianças é a adição, sem controle adequado, da substância no sal de cozinha. A exigência do sal iodado vem da década de 1950 e o objetivo era evitar doenças como o bócio endêmico.
Outra causa comum de hipotireoidismo é o uso de certos medicamentos. Fórmulas para emagrecer feitas à base de hormônios sintéticos que aceleram o metabolismo e favorecem a perda de peso, por exemplo, acabam afetando o funcionamento da tireóide e podem desencadear a doença em glândulas saudáveis. (Foi o que aconteceu comigo, hoje tenho que tomar um remédio para tireióde o resto da vida). A mesma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro destacou a alta incidência de hipotireoidismo entre as brasileiras constatando que 34% das mulheres atingidas pela doença fizeram uso dessas "bombas hormonais" para emagrecer. O lítio, medicamento psiquiátrico, e a amiotarona, para o coração, também podem causar hipotireoidismo.
A retirada cirúrgica da tireóide em função de tumores ou mesmo de um hipertireoidismo acabam provocando déficit de hormônios tireoidianos e sintomas correlatos. "O funcionamento da glândula também pode ser prejudicado por tratamentos à base de radiodo para o câncer na tireóide", esclarece a endocrinologista Claudia Cozer, da Abeso.
A doença ainda pode ser conseqüência de traumatismo craniano ou de algum problema cerebral que afete a hipófise ou o hipotálamo. "O hipotálamo é a glândula mestre localizada no cérebro. É ela que aciona a hipófise, que por sua vez ordena a produção de hormônios pela tireóide", explica o endocrinologista Tércio Rocha. "Quando cai o nível de hormônio tireoidiano do corpo, outro hormônio - o TSH - age como um mecanismo de regularização e dá o alarme. Se isso não acontece, o cérebro não fica sabendo e não manda a hipófise produzir mais TSH - e, sem TSH, a tireóide não produz mais hormônio porque esse mecanismo de sinalização está quebrado."
Ainda existem as chamadas causas auto-imunes - ou seja, quando o organismo "agride" a si mesmo e provoca o aparecimento de certas doenças. No caso do hipotireoidismo ocorrem as tireoidites, de origem inflamatória. Não se sabe por que se manifestam, mas a pessoa possui uma predisposição orgânica ao problema: seus próprios anticorpos atacam a glândula e causam a tireoidite crônica. Esse tipo de hipotireoidismo está muito ligado ao estado emocional. Quanto mais estressados ou depressivos ficamos, mais diminui nossa resistência imunológica - o que facilita a ação dos anticorpos contra a tireóide. Se o quadro emocional melhora, é possível que os sintomas da doença diminuam ou até desapareçam. Já as tireoidites agudas são bastante raras, sendo causadas por vírus ou bactérias presentes no ar, e podem ser transitórias caso não tenham deixado seqüelas. Finalmente, o hipotireoidismo também pode ser congênito. A pessoa nasce com má-formação na glândula tireóide, o que pode ser detectado no teste do pezinho.
Fonte de pesquisa: Vila mulher