Degustar um bom vinho não é tão simples. Mas também, não é complicado. Existem muitas opções, é verdade, e talvez isso dificulte um pouco a escolha.
Mas algumas informações básicas são suficientes para você identificar se aquela garrafa linda vale mesmo cada centavo que estão cobrando por ela.
O acerto é uma questão que combina as variáveis comprar, guardar, servir e saborear na medida ideal. Parece complicado? Pense na famosa cervejinha: se você é um apreciador, sabe identificar quando a loira é das boas, não sabe? Com o vinho é basicamente a mesma coisa. Quanto mais você provar, mais irá aprender.
1. Em primeiro lugar, esqueça aquele tabu de que os vinhos mais velhos são os melhores. Nem sempre isso é uma verdade. A regra é válida para vinhos sofisticados, como Bordeaux, Barolos e Riojas e, assim mesmo existe um limite de tempo. É recomendável não levar nada que tenha sido produzido há mais de quatro anos, pois só os grandes vinhos sobrevivem há mais tempo e, sendo você um iniciante nessa área, ainda não formou um paladar aguçado para saborear as notas que eles oferecem.
2. Sendo assim, prefira uma garrafa da safra mais recente, principalmente se for um vinho branco. Também examine bem a garrafa antes de comprá-la. O nível do líquido nunca deve estar abaixo do normal, e a rolha deve estar em boas condições. Prestem atenção: rolha ruim que esfarela = vinho ruim, rolha boa e firme = vinho bom.
3. Uma boa tática é observar a garrafa contra uma luz amarela. Se o vinho branco estiver muito dourado e um tinto estiver muito acastanhado, quer dizer que a bebida está sofrendo oxidação. Ou seja, as características visuais, olfativas e gustativas do vinho são alteradas pelo contato com o ar. A cor fica mais escura e a acidez menos acentuada.
4. Se você não dispõe de uma adega climatizada para armazenar o vinho, guarde a garrafa em um lugar da casa que seja arejado, de pouca luminosidade e com pouca variação de temperatura.
5. Procure sempre colocar as garrafas deitadas, evitando o ressecamento das rolhas, que vedam a entrada na embalagem. Os vinhos brancos são colocados na parte inferior e os tintos, na superior, pois resistem melhor às temperaturas mais altas. E nada de exageros: caso não conheça ainda um determinado vinho, leve apenas uma garrafa e, depois de experimentá-lo e aprová-lo, volte para buscar mais.
6. Compre seu vinho em locais que ofereçam uma boa variedade de rótulos e que garantam a rotatividade de estoque. Isso reduzirá as chances de escolher um vinho oxidado. Prefira fazer a compra nos setores de bebidas dos grandes supermercados, lojas especializadas ou vá direto as importadoras. Ir até as vinícolas, quando o vinho for brasileiro, traz boa garantia de qualidade na conservação e preço mais acessíveis. (Para quem mora no Sul compensa).
7. Não se impressione com o rótulo dos vinhos caríssimos. Pode apostar nos mais baratos também. Para encontrar aqueles com ótima relação qualidade versus preço, leia com atenção as informações do rótulo. No caso dos brasileiros, atente para a palavra
reserva , que é uma denominação dada a um vinho de qualidade no mínimo mediana. O bom francês tem a anotação AOC (appellation d origine controlée), um indicador de que foi produzido na região descrita no rótulo de acordo com as regras exigidas por lei. Nos italianos, a sigla é DOC (denominazione di origine controllata) ou DOCG (denominazione di origine controllata e garantita). Vinhos de mesa franceses (vin de table) são horríveis, fuja deles. Em qualquer caso, é recomendável não levar nada que tenha sido produzido há mais de quatro anos.
8. Outro costume que não se usa mais é a velha regra do vinho branco com peixe e os tintos com carnes. O que conta é harmonização da bebida com a comida. Um prato delicado pede vinho leve, frutado. Já aqueles que levam molho mais elaborado exigem a companhia de algo mais encorpado. Comidas agridoces combinam com vinho menos seco, enquanto frutos do mar são um convite à bebida mais ácida daí os espumantes secos caírem tão bem com as ostras.
9. Para facilitar a busca da uva ou da mistura de cepas adequada a sua ceia, leia o contra-rótulo das garrafas, que sugere pratos e descreve algumas qualidades marcantes do vinho em questão.
10. As clássicas combinações regionais também contam pontos. Vinhos produzidos num determinado local estão historicamente relacionados aos seus pratos típicos. Assim, a comida italiana da Toscana é o par perfeito para vinhos Chianti. E a parrillada argentina faz dupla com um tinto Malbec.
11. Mas como os opostos se atraem. Queijos salgados, como roquefort e gorgonzola, e vinhos doces do tipo late harvest (também chamado de colheita tardia) fazem uma ótima parceria. Já o adocicado e mais gorduroso ementhal pede um branco ácido, como um sauvignon blanc ou gewurztraminer.
12. Às vezes a regra é válida. Os portugueses costumam dizer que bacalhau não é carne nem peixe, é bacalhau. Então, siga a tradição: vá de tintos com pouca acidez e pouco tanino, como os portugueses da região da Bairrada ou o vinho verde (branco ou tinto).
13. Mas a idéia principal, seja você iniciante ou não, é esquecer os costumes às regras antigas: o gosto pessoal é o mais importante. Experimente.
Fonte de pesquisa; Minha vida/Lulucha