Estações multimídias para cada funcionário, departamentos inteiros conectados em redes, correio eletrônico interligando fábricas a milhares de quilômetros, teleconferências via satélite, Internet, telefonia celular e cabos de fibra ótica. Não é visão futurista. Tudo isso faz parte do cotidiano de milhares de profissionais no Brasil e, em pouco tempo, será a realidade de milhões de brasileiros.
Sem pedir licença, a revolução cibernética vai invandindo os espaços profissionais de recursos humanos de todos os ramos de atividade, mudando completamente os processos de trabalho, as relações dentro das empresas e até os hábitos e os comportamentos das pessoas. No chão das fábricas, onde os robots estão substituindo a mão- de-obra humana, o impacto da automação é mais visível. Mas são nos escritórios que está se processando silenciosamente uma das maiores revoluções da história do trabalho.
Recentemente, convidado a proferir uma palestra no 1ª Encontro de Tecnologia da Informação e Recursos Humanos, encontrei o auditório completamente lotado de empresários, executivos e profissionais de diversas áreas de atividades. O interesse pela tecnologia da informação é generalizado. O tema está ultrapassando o âmbito da pesquisa acadêmica e entrando no cotidiano das pessoas.
O visual dos escritórios se transforma em ritmo vertiginoso. As saudosas máquinas de escrever repousam nas recordações de ainda jovens secretárias. O telex é um acróstico sem sentido para novos trainees e o papel carbono é objeto de estudos arqueológicos. Uma onda, com a força de um furacão e altura da baleia bíblica, passa pelas linhas de produção das fábricas e pelas salas acarpetadas dos escritórios, varrendo e jogando no lixo paradigmas administrativos que reinaram por muitas décadas.
A onda é forte, contagiosa e implacável. Quem aprende a usar o computador no trabalho normalmente acaba levando-o para dentro de casa. Além do forno microondas e do televisor estéreo, já é normal a classe média brasileira ter em casa um ou mais micros para atender as novas necessidades da família: conferir a conta bancária sem sair da sala, processar o orçamento doméstico, preparar o trabalho da escola ou brincar de videogames.
A revolução cibernética muda nosso jeito de trabalhar e de viver. Alguns exemplos: já é possível captar em São Paulo cerca de 75 canais de TV. Com a explosão das transmissões via cabo ou satélite, nos próximos meses poderão estar acessíveis mais de cem novos canais, com uma programação diária de aproximadamente duas mil horas por dia; em breve será natural reservar o lugar no próximo vôo por um micro conectado diretamente ao computador da companhia aérea.
As barreiras físicas de tempo e espaço se encurtaram enormemente graças à moderna tecnologia da informação. Entramos na época da realidade virtual. As redes mundiais de TV nos colocam em qualquer lugar do espaço, dentro dos aviões que em 1991 bombardearam os iraquianos na Guerra do Golfo ou inseridos na multidão judaica que recentemente assistiu ao assassinato de Yetzhak Rabin.
O risco é ficar embriagado por essa chuva de informações que o avanço da cibernética derrama diariamente em nossas cabeças. Nem um Indiana Jones moderno conseguiria acompanhar o ritmo neurótico das novas tecnologias da informação, que dobra seu potencial de alcance a cada dois anos. Estamos então fadados à neurose coletiva? Entendo que, felizmente, não há esse risco e que a solução é simples. Para fugir dessas armadilhas, é preciso reconhecer que estamos no limiar de outra época e que, para entrar no ritmo dos novos tempos, é necessário enfrentar o futuro com boa dose de humildade, além de se libertar de condicionamentos passados e construir, a partir do zero, novas interpretações da realidade.
Quando damos os primeiros passos na informática, somos todos principiantes, como se estivéssemos começando a aprender um idioma. Quando dominarmos os códigos, palavras, estruturas gramaticais destes novos modelos de comunicação poderemos selecionar, criar e personalizar as informações que nos interessam, resgatando e potencializando nossa experiência. Perceberemos então que tudo tem sua lógica e que os equipamentos e os softwares foram desenvolvidos, não para criar obstáculos e nos deixar neuróticos, mas, ao contrário, para ajudar no trabalho e facilitar nossas vidas.
Assim como dominamos a automação industrial, que assumiu nas fábricas as tarefas mais pesadas, insalubres e perigosas, dominaremos os softwares, que assumem nos escritórios atividades mais repetitivas e burocráticas, nos libertando para ações de maior valor agregado e nos proporcionando mais tempo livre para o convívio com a família. Seremos donos e não vítimas do progresso. Como durante a história da evolução do gênero humano, aprendemos a usar a roda, a máquina a vapor, a eletricidade e todas outras conquistas do passado, assim a cibernética será mais uma maravilhosa prótese da inteligência humana.
Fonte de pesquisa: geosites
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