Homeostase do Coração!
Por que desejamos tanto experimentar a paixão? Por que, muitas vezes, parece que preferimos provocar uma briga a manter aquela sensação de que nada de mais intenso acontece no relacionamento? Não precisamos viver entre a dor e a paixão para sermos felizes! Existe um ponto de equilíbrio muito melhor!
A maioria de nós, infelizmente, aprendeu que o ideal é viver nos extremos do amor: ou loucamente apaixonado, idealizando a pessoa amada e ardendo de desejo por ela... ou tendendo a insatisfação, ampliando os defeitos e se queixando do que não corresponde com o que esperávamos dessa relação.
Aprendemos a interpretar o meio termo, que seria o ponto de equilíbrio, a mansidão e a paz, que seria, enfim, o amor de verdade, como rotina, marasmo, sem graça, insuficiente. E, assim, sem nos darmos conta, vivemos em busca da dor, seja a dor da paixão, aquele sofrimento que chega a ser físico, que traduzimos como falta, saudade, tesão ou intensidade. Seja a dor da separação, que acontece com brigas diárias, apontamentos e acusações, cobranças e recorrentes rompimentos.
Na biologia, o termo homeostase é usado para demonstrar a dinâmica da vida em busca do equilíbrio. Ou seja, significa que nosso organismo busca, o tempo todo, o equilíbrio entre as condições externas e as condições internas. Sendo assim, se a temperatura ambiente está quente demais, nosso corpo tende ao esfriamento, a fim de estabilizar a temperatura interna. Quando isso não é possível, diante de situações extremas, o organismo tende a morte.
Assim se explica, por exemplo, a hipotermia. O ambiente externo está frio demais a ponto de o corpo não conseguir manter sua temperatura interna estável e, consequentemente, vivo. Por isso, caso a temperatura externa não seja elevada, o organismo morrerá. Se usarmos esse termo para compreender o ponto de equilíbrio do amor, ficaríamos surpresos ao constatar que estamos, quase sempre, vivendo relações hipertérmicas ou hipotérmicas... e nosso coração, também quase sempre, está tentando se estabilizar, sem sucesso.
O fato é que nosso desejo interno é o de se estabilizar, de encontrar o ponto de equilíbrio entre o que estamos sentindo e o que estamos vivendo na prática, com o outro. Mas nossa mente, ou melhor, nossas crenças equivocadas sobre o que seja intensidade ou satisfação, tende ao desequilíbrio. Não é a toa que os contos de fadas fazem tanto sucesso: primeiro, príncipe e princesa sofrem indefinidamente, desesperadamente, experimentando o ponto máximo do sofrimento, até que, finalmente, se tornam merecedores do grande encontro. Imediatamente depois, é dada a sentença que os remete ao outro extremo: “e foram felizes para sempre...”.
Note como nenhuma das duas situações é viável por muito tempo. Note como ninguém poderia suportar a dor e o sofrimento do desencontro por longos anos e de modo tão passivo. Assim como ninguém atinge a felicidade para sempre sem que tenha de viver um dia depois do outro até chegar lá. Sem que tenha de lidar com todos os percalços do caminho e com todos os altos e baixos da felicidade e do amor.
Outro exemplo de como nossas crenças nos conduzem aos extremos, por mais que desejemos o equilíbrio, é o sucesso que faz grande parte das músicas românticas. Em geral, as letras falam de um amor platônico, idealizado, irreal, ou de um amor que acabou, deixando amargura, tristeza e arrependimentos. Dificilmente, as músicas de amor falam sobre um encontro tranquilo, com desejo, mas também com aprendizado. Não! Porque buscamos um amor ideal e amores ideais só existem no extremo da dor (quando o sofrimento é que nos mantém pulsando) ou no extremo do amor (quando acreditamos que a dor é inexistente). Mas definitivamente, não resistimos e nem existimos em nenhum desses extremos. Somos dor e prazer ao mesmo tempo, sempre! E, por isso, um pouco de nós morre toda vez que insistimos em situações absolutas ou perfeitas. Não somos perfeitos e tudo bem. A felicidade cabe perfeitamente na nossa imperfeição.
A saída é a descoberta de que não há nada de errado na rotina, no morno, na mansidão de um relacionamento. Claro que, vezes ou outra, podemos (e inevitavelmente vamos!) cair para um extremo ou outro. Isso significa que, em algumas fases da relação, sentiremos a paixão arder novamente em nosso peito, e virá o frio na barriga, o aceleramento cardíaco, a saudade, a pressa pelo outro. E em outras fases, sentiremos a distância, a frieza, as diferenças gritando e nos frustrando. Mas existe uma enorme diferença entre acreditar que ir de um extremo ao outro é a única forma de viver uma relação de amor e saber que podemos escolher agir em função da homeostase do coração.
Quando desejamos a verdadeira felicidade, quando investimos no verdadeiro amor, sabemos que o ideal é a paz, é a sensação de bem-estar ao lado do outro, é a entrega por inteiro do que se é, para que na mistura com o outro, haja uma química criativa, construtiva e gostosa. Para que os sentimentos experimentados internamente possam ser vivenciados externamente. Para que haja, sobretudo, espaço para o sagrado e imperfeito exercício do amor.
Fonte de pesquisa; MSN
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