segunda-feira, março 30

O Valor dos Nossos Pés

Essa estrutura tão complexa quanto funcional merece a sua atenção. Acompanhe as dicas de ortopedistas, dermatologistas e podólogos e mantenha dedos e unhas sempre saudáveis A imagem do ídolo com pés de barro volta e meia assombra o imaginário popular. Significa achar o ponto fraco, capaz de jogar reputações na lama, de alguém que galgou degraus altíssimos na escada do sucesso e da ascensão social. Os pés estão lá a nos lembrar repetidamente o quão vulneráveis podemos ser.

Quem lida com essa parte do corpo no consultório médico está cansado de saber: "Ao abaixar a cabeça é possível enxergar duas máquinas poderosas que nos carregam pela vida". Mas, afinal, como funcionam essas estruturas que suportam todo o peso do corpo e são responsáveis pelo equilíbrio e locomoção? É Solange (dermatologista) quem explica: "Aparentemente frágeis, essas duas extremidades inferiores são, na verdade, dois pequenos tratores formados por 26 ossos e 40 articulações, com 31 músculos e uma infinidade de nervos e vasos, tecido adiposo, glândulas, pele e anexos cutâneos. Tem a capacidade incrível de, a cada passo, passar do estado de rigidez ao de completa flacidez, em milésimos de segundos". Uma potência cujas funções principais são duas: suporte e alavanca - para ajudar a propulsão durante uma caminhada, por exemplo.

Essas bases são capazes de impulsionar ou, numa queda, suportar até três vezes o peso de nosso corpo. "Vinte e seis ossinhos minúsculos absorvem o impacto que um único osso não suportaria", descreve a médica. Se não fossem os pés absorverem os impactos sofridos pelo corpo ao caminhar, o afundamento da base do crânio seria inevitável, como explica o ortopedista e traumatologista Walter Fukushima, professor da Faculdade de Medicina do ABC. A absorção do impacto, como ensina o professor, se inicia nos pés, mais exatamente no tecido gorduroso concentrado na região plantar em forma de pequenas almofadas. Esse amortecimento é auxiliado pelas articulações e por minúsculas estruturas chamadas trabéculas ósseas. "Esse sistema complexo que forma os pés faz com que a intensidade das ondas de choque seja reduzida à medida que sobe para a cabeça", completa Fukushima. Falhas na inter-relação entre essas estruturas podem causar alterações nos pés e nas unhas.

Área de risco

Na verdade, é grande a lista de infortúnios que podem afetar os nossos pisantes naturais - doenças infecciosas, inflamatórias, trauma, doenças vasculares, metabólicas, neurológicas, ortopédicas. A dermatologista Solange Teixeira lista alguns de natureza infecciosa. Erisipela, uma infecção dos tecidos mais profundos - subcutâneo - por uma bactéria, causa inchaço, vermelhidão, dor e calor nos pés e pode migrar pela perna acima se não for rapidamente tratada.

Uma outra bactéria causa as piodermites, que levam ao aparecimento de bolhas e pústulas. Entre as infecções causadas por fungos, está o conhecido pé de atleta, nome popular das dermatofitoses que têm preferência pelo dorso ou planta do pé. Há descamação, fissuras e coceiras.

VERRUGA E OLHO DE PEIXE

Aparentemente inofensivas, as verrugas podem indicar a existência de câncer. São lesões cutâneas, ou seja, um tipo de tumor que aparece na pele em decorrência de uma infecção viral. O vírus penetra na epiderme e faz com que a lesão apareça e aumente. Existem verrugas causadas por mais de 50 vírus. O olho de peixe é uma designação popular para lesões hiperceratóricas, ou seja, qualquer lesão durinha que aparece na região plantar é chamada dessa forma. Mas, na grande maioria das vezes, o chamado olho de peixe é a verruga plantar e se caracteriza por ser uma lesão endurecida, com um pontilhado escuro. Há tratamentos com ácidos e cirurgias, dependendo do caso. As verrugas, por sua vez, estão entre as infecções virais mais frequentes. Como informa Solange, elas devem ser diferenciadas principalmente das calosidades, mas existem alguns tumores benignos e malignos que podem ser confundidos com verrugas. Sim, o câncer pode alcançar essas extremidades. "É preciso ficar atento e procurar um dermatologista ao menor sinal de infecção nos pés para um diagnóstico e tratamento adequados."

Já as doenças inflamatórias mais comuns são as dermatites alérgicas (reação ao contato com borracha, couro) e por irritantes primários como detergentes e desinfetantes. Causam coceira e descamação nas áreas de contato com os calçados e podem ser confundidas com micoses. A psoríase se manifesta na forma de lesões em placas descamativas e vermelhas que podem ser muito dolorosas e dificultar uma simples caminhada. Ainda conforme a médica Solange Teixeira, doenças vasculares também podem ocasionar alterações nos pés como varizes, pigmentações e ulcerações. Alterações neurológicas e vasculares nos pacientes diabéticos podem comprometer seriamente os pés, que precisam ser constantemente avaliados. Isso se a doença primária, o diabetes, estiver controlada.

Cuidados diários

Outra dica é usar diariamente um hidratante especial para evitar ressecamentos e fissuras. Aqueles com ureia e/ou ácido salicílico, conforme Solange, deixam os pés mais macios e diminuem as áreas de hiperqueratose (pele grossa). Esfoliar também pode ajudar, mas atenção: Nada de raspar com lâmina de barbear, e, sim, usar uma lixa ou cremes esfoliantes, uma ou duas vezes na semana. "No dia-a-dia é importante manter os pés sempre secos para evitar o desenvolvimento de micro-organismos que se aproveitam do calor e da umidade para se desenvolver nas camadas superficiais da pele, na região plantar e entre os dedos", reforça a médica.

Walter Fukushima lembra que o uso prolongado de calçados fechados pode levar a descamação. "Com o calor, principalmente durante uma atividade física, a proliferação das bactérias ocorre de modo mais intenso, com aparecimento do 'chulé', micoses e das infecções", alerta o ortopedista. Ele chama a atenção para o fato de que as lesões crônicas nos membros inferiores trazem prejuízos à saúde como um todo, na medida em que resultam em sedentarismo e di- ficuldade para as atividades diárias e prática esportiva. Como se vê, os pés são mesmo vitais ao conjunto da obra.

A MANEIRA CORRETA DE ANDAR

Muitos problemas de saúde nos pés surgem em consequência da maneira incorreta de andar, às vezes, aliada ao uso de calçado inadequado. O ortopedista Fabio Ravaglia explica o tripé da caminhada preventiva de dores e outros desvios.

1 APOIO DO PÉ

Durante a caminhada em percursos com desníveis (aclive ou declive), o pé deve estar totalmente apoiado no chão, para que se tenha total equilíbrio e sustentação do corpo. A prática evita escorregões.

2 PESO DO CORPO

A maior concentração do peso do corpo se situa na parte anterior do pé. O apoio deve ocorrer primeiro na parte anterior (sem que o peso fique mais nos dedos do pé) e seguir com o amortecimento da articulação. O calcanhar deve ser apoiado no chão e, na sequência, voltar à parte anterior. Termine o movimento com o apoio dos dedos no chão.

3 COLUNA

A coluna deve estar ereta, com a cabeça elevada, olhando para o horizonte e sem curvar as costas. Existe sapato ideal? Para desespero de mulheres que não vivem sem um salto agulha, o sapato que não maltrata o pé e dá mais sobrevida a essa porção final do nosso corpo tem salto baixo, de não mais que 4 cm. O uso prolongado de salto alto pode levar a um encurtamento do tendão de Aquiles, causando dor e calosidades na região plantar. Sapatos de bico muito fino estão associados a alterações dos dedos, calos e unhas encravadas. Também não pode ser daquele tipo que balança quando andamos, ou seja, precisa estar bem fixo, bem costurado e estável. A forma do calçado deve acomodar bem todos os dedos, sem impor aquela tortura toda ao dedo mindinho, saco de pancada de sapatos e sandálias com espaço exíguo na porção frontal. Outro detalhe citado pela dermatologista Solange é a conferência do forro, na hora de comprar um calçado, e checar se não há pontos salientes que possam, devido ao atrito constante, machucar os pés. Um calçado inadequado pode levar a alterações principalmente ao redor dos dedos e unhas. Segundo Walter Fukushima, é a principal causa de unhas encravadas e calosidades. Armando Bega, coordenador do curso de Podologia da Universidade Anhembi Morumbi, acrescenta que a unha encravada resulta muito frequentemente do corte incorreto. "O uso de instrumentais que não são estéreis para cortar e desencravar pode ser o início de uma longa jornada de tratamento de micoses de unha ou, mais grave ainda, de tratamento de unha encravada associada à micose."

PROTEJA-SE!

O ortopedista Fabio Ravaglia, presidente do Instituto Ortopedia e Saúde, explica em detalhes como prevenir alguns dos problemas mais conhecidos. BOLHAS São o acúmulo de fluidos entre as camadas interiores e exteriores da pele que podem infeccionar e tornar a caminhada inviável. Entre as causas estão a fricção prolongada entre o pé e a meia (ou tênis). É possível tratá-la em casa mesmo com os devidos cuidados. Limpe a bolha esfregando álcool ou outra solução antisséptica; fure-a com uma agulha aquecida no fogo. Drene o fluido, mas mantenha a pele. Então, cubra a área com uma bandagem adesiva. Dentro de 48 horas a maioria das bolhas secam o suficiente para serem expostas ao ar. Mais uma vez, a prevenção é o melhor caminho.

Procure usar meias de duas camadas para minimizar a fricção e umidade (aquelas feitas de fibras sintéticas respiráveis são boas para manter o pé seco).

CALOS

As calosidades surgem, em geral, por causa da pressão do calçado sobre a pele dos dedos. Essa compressão é um estímulo para a produção de um tecido fibroso, que é o calo. Um pedicuro pode remover esse excesso de tecido, mas essa é uma medida meramente paliativa: o problema só se resolve mesmo livrando o pé do sapato apertado. Os calos e calosidades estão relacionados à produção, em excesso, de células mortas, formando uma camada superior de pele que protege de lesões.

Fonte de Pesquisa: Viva Saude

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Lulucha
Acabei de aceitar vc como minha amiga no diHITT com muito gosto.
Por isso vim visitar o seu blog e dar-lhe os parabéns pelo que vi. Gostei e voltarei.
Porém quero dizer-lhe que a imagem deste post tem um tremendo erro técnico: "Pronação" e "Supinação" nada têm a ver com os movimentos que se vêm na imagem, que são "Flexão " e "Extensão". Por isso acho que deveria corrigir a imagem, cortanto aquelas palavras em cima.
Bj
Jorge

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