Campeã das cirurgias plásticas - é o procedimento mais feito pelas brasileiras - a lipoaspiração conquista cada vez mais adeptas, tornando-se acessível também para mulheres com pouco dinheiro, mas que buscam uma forma física perfeita.
A popularização dessa cirurgia, contudo, motivou o surgimento de clínicas com infraestrutura precária, onde as pacientes enfrentam muitos riscos. No final de janeiro, a recepcionista Regiane Aparecida Bauer, de 27 anos, morreu após uma parada cardiorrespiratória durante a operação numa clínica da zona leste de São Paulo. Conforme levantamento realizado pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp), a lipo ocupa o topo do ranking de processos que investigam problemas decorrentes de cirurgias e até a morte de pacientes na mesa de operaçâo. De 289 processos movidos contra médicos da área estética, 33,5% referem-se à lipoaspiração. Entenda em que casos a lipo é indicada e saiba como escolher um local que não oferece risco à sua saúde:
1. Quando é indicado fazer uma lipoaspiração?
A lipoaspiração é um procedimento cirúrgico indicado para pessoas que têm um acúmulo de gordura localizada que a paciente não consegue eliminar através da combinaçâo de dieta e exercícios físicos. “A lipo não é um método de emagrecimento”, lembra o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Tariki.
2. Ela é a única forma de eliminar a gordura localizada?
Na maioria dos casos, sim. O cirurgião plástico Adriano Romiti, do Hospital São Camilo, explica que isso acontece quando uma pessoa perdeu todo o excesso de peso, mas o volume de gordura concentrado em algum lugar continua. "Nas mulheres, por exemplo, isso acontece principalmente no culote, onde costuma restar uma gordura que é difícil de perder da forma convencional". E após os 50 anos, há o acumulo de gordura nas costas, cintura, barriga, seios e braços. O que fazer??? Ginástica??? Não adianta nada, a única coisa que realmente tira essas gorduras é fazendo uma lipo ou algum outro tipo de tratamento com aparelhos.
3. Em que casos a cirurgia não deve ser feita?
As principais contraindicações referem-se a casos de pacientes que tenham excesso exagerado de peso ou muita flacidez de pele. Se a pessoa não apresenta condições clínicas adequadas - quando tem hipertensão, alergia severa ou arritmia, por exemplo - o procedimento também é desaconselhado. O presidente da SBCP informa que é preciso ter cautela antes de operar pacientes muito jovens. Ele afirma que é importante se certificar de que a pessoa tenha tentado outros métodos antes. Caso confirmada a necessidade, o procedimento pode ser feito a partir dos 17 ou 18 anos. Acho que eu já falei inúmeras vezes, que meninas jovens com 17, 19 anos não é aconselhável passar por uma cirurgia, pois com uma boa malhação e uma dieta saudável as gordurinhas indesejáveis vão embora rapidinho. À não ser em casos extremos, de obesidade. Mas mesmo essas, se fizerem uma dieta rigorosa e ginástica + alguns tratamentos estéticos, podem ficar magrinhas se quiserem, eu penso que a cirurgia só deve ocorrer em último caso.
4. É necessária a realização de exames prévios?
Os médicos consultados são categóricos ao afirmar que o paciente deve ser submetido a todos os exames que são obrigatórios antes de qualquer outro tipo de cirurgia. Eles concordam também ao dizer que é imprescindível a realização de uma boa avaliação clínica. É com ela que o médico diagnosticará quais são as necessidades específicas de cada pessoa. Numa pessoa idosa, por exemplo, a atenção pode ser voltada para problemas relacionados ao coração.
5. O médico precisa ter especialização em cirurgia plástica para fazer uma lipo?
Não. Segundo estabelece a resolução do CRM, há necessidade de treinamento específico para sua execução, sendo indispensável a habilitação prévia em área cirúrgica geral. Ou seja, médicos como dermatologistas ou cirurgiões sem formação em nenhuma especialização são autorizados a fazê-la. E é aí que mora o perigo. De acordo com Tariki, já houve uma mobilização para tentar alterar essa resolução - o objetivo era passar a exigir a especialização em cirurgia plástica. Quem faz qualquer curso de fim de semana não pode fazer uma lipoaspiração. Aparentemente é só fazer um cursinho. Não parece que é cirurgia, mas é. Para ele, a experiência na área somada aos três anos de especialização em cirurgia plástica garantem o grau de preparaçâo necessário.
6. Como é possível saber se o local escolhido e o médico são confiáveis?
Segundo o presidente da SBCP, o mais importante é consultar o CRM de sua regiâo para saber em qual especialidade o médico escolhido está registrado. De acordo com levantamento do Cremesp, apenas seis dos 289 médicos processados em casos de lipo eram especializados em cirurgia plástica. Uma outra forma de checar se o médico é cirurgião plástico é pelo site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (www.cirurgiaplastica.org.br). É importante ainda ter a indicação de um outro profissional. O paciente deve também pedir uma segunda ou terceira opinião de outros especialistas para tirar todas as dúvidas possíveis. Além disso, Tariki afirma que pedir recomendação de pacientes que já foram operadas pelo médico ajuda no critério de seleção. Nunca faça uma cirurgia com médicos que você ouviu falar que é bom.
No caso da escolha do local, é importante que a pessoa que fará uma lipoaspiração visite o estabelecimento e confirme se ele está autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo Takiri, a Anvisa possui seus critérios de condições mínimas necessárias e não obriga que o estabelecimento que faz lipo tenha uma UTI. E mesmo sem UTI, alguns locais possuem todo o suporte para lidar com uma eventual complicação - conseguem estabilizar o paciente e transferi-lo para um hospital. Mas se uma pessoa de mais idade for fazer lipo junto com outros procedimentos, vale a pena fazer a cirurgia em um hospital. Takiri ainda acrescenta que sempre que houver qualquer tipo de sedação endovenosa é necessária a presença de um anestesista. É nele que você deve se informar em 2º lugar, em 1º o cirurgião. Se você não gostar do anestesista, você tem todo o direito de pagar a um que você conheça e confia.
7. O baixo preço pode ser considerado um indicador de perigo?
O preço não deve ser o principal atrativo. É possível encontrar um profissional capacitado que ofereça um valor abaixo do mercado. Mas a pessoa não deve ser atraída pela facilidade de pagamento e parcelar em 20 vezes sem conhecer o médico antes. Pois o barato sai caro... Então, se não há nenhuma referência do médico, é mesmo um perigo, explicou o presidente da SBCP. O paciente precisa ficar alerta para não cair em possíveis armadilhas. Às vezes a pessoa vai para um lugar sem estrutura, que não é profissional. É bom duvidar de preços muito bons e que prometem coisas utópicas.
8. Quais complicações são mais comuns durante o procedimento?
A lipoaspiração é uma cirurgia como outra qualquer e, por isso, apresenta sérios riscos. Entre as complicações estão a embolia (quando uma placa de gordura ou de sangue se desloca e obstrui outro local) e as reações alérgicas anafiláticas. Além dos exames pré-operatórios e de avaliação clínica, é importante que a paciente tenha uma conversa sincera com o médico antes da operação. Muitas vezes a pessoa está tomando ou tomou um remédio que não quer contar para o médico por medo que ele proíba o procedimento. Se isso acontece, o risco de apresentar alguma reação inesperada é maior.
9. Como funciona o processo de recuperação do paciente?
Se a pessoa realizou um procedimento leve, em poucos locais, o processo de recuperação costuma ser bastante tranquilo. Nos dez primeiros dias, o paciente deve evitar praticar exercícios físicos pesados, como levantar peso ou fazer longas caminhadas. É importante ainda observar o aparecimento de manchas roxas. Caso diagnosticadas, o paciente deve evitar tomar sol até que elas desapareçam. Além disso, os médicos também indicam o uso de malhas de compressâo, para evitar um edema, além de sessões de drenagem linfática, para amenizar o inchaço.
10. É possível fazer lipoaspiração em qualquer parte do corpo? Até quantos quilos dá para eliminar com a operação?
Teoricamente você pode fazer o procedimento em todas as partes, menos em localidades onde pode haver lesão de órgâos ou vasos sanguíneos, resume Tariki. Segundo o cirurgião plástico Adriano Romiti, locais como a área abaixo do joelho ou a face são proibidos. Quanto aos quilos a serem eliminados, o CRM estabelece que até 7% do peso corpóreo do paciente pode ser retirado numa lipoaspiração úmida, quando se injeta soro fisiológico para ajudar no procedimento, e no máximo 5% numa cirurgia seca. Por exemplo: uma pessoa que pesa 70 quilos, pode aspirar, no máximo, 4,5 quilos. Normalmente os médicos mais cuidadosos não chegam nem a esse limite. A gente observou que o risco de morte diminuiu por conta dessa limitação. Assim, ninguém comete uma imprudência, diz o presidente da SBCP. Se a quantidade estabelecida for excedida, o paciente pode apresentar desidratação e anemia, provocados pela perda de grandes quantidades de sangue, eletrólitos, potássio e sódio. Além de que pode ficar deformada. Portanto meninas pensem bem antes de fazerem uma lipo, vejam se não há outras alternativas melhores que poderão dar os mesmos resultados ou até melhores.
11. Quais são as técnicas existentes para a realização da cirurgia?
Existem vários diâmetros diferentes de cânula, o instrumento usado para retirar a gordura. Algumas são mais grossas; outras, mais finas. Além disso, foram criados novos aparelhos de ultrassom, vibratórios e com laser. José Tariki explica que esses novos métodos facilitaram apenas a vida do médico, já que destroem a gordura de forma mais rápida. "Nomes como ‘lipo light' são pura fantasia. O resultado final é sempre o mesmo".
12. Qual a diferença entre lipoaspiração e lipoescultura?
"Os dois termos são praticamente sinônimos", disse Romiti. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica disse que o princípio é o mesmo. Na lipoaspiração, apenas retira-se a gordura de um determinado local do corpo. Na lipoescultura, o médico usa a mesma gordura retirada na lipoaspiração e a enxerta em outro lugar que o paciente desejar remodelar ou preencher.
Fonte de pesquisa: Abril.com e Lulucha
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