O estresse pode ser bom para você
Pesquisas sugerem que o estresse em pequenas doses permite maior atenção e um sistema imunológico mais forte.
TENSÃO
Episódios de nervosismo, desde que não sejam constantes, podem ajudar o sistema imunológico.
Da próxima vez que você reclamar que seu chefe lhe deu muito trabalho e que sua rotina está pesada demais, saiba que isso pode ser bom para sua saúde. Várias pesquisas estão sendo desenvolvidas para analisar os efeitos positivos que o estresse do dia a dia pode gerar. Por enquanto, a conclusão é que, em pequenas doses, um estado de tensão traz benefícios.
Para o médico Marios Kyriazis, especialista em geriatria e presidente da Sociedade Britânica de Longevidade, o estresse não é uma via de mão única, que leva sempre a uma doença. Curtos períodos de estresse podem ser benéficos ao seu sistema imunológico e diminuir os riscos de doenças como Alzheimer, artrite e alguns tipos de câncer. “Temos uma tendência a culpar o estresse por tudo, da exaustão ao mau humor, até doenças cardíacas, mas isso é um mito”, diz Kyriazis.
O que conta é o nível do estresse. Pequenas doses espaçadas no tempo, como tarefas a serem cumpridas rapidamente durante o expediente, são suficientes. “Muitas pesquisas estão apontando que níveis moderados de estresse favorecem a produção de proteínas regenerativas que sustentam células do cérebro, fazendo-o funcionar na capacidade máxima. Essas células fortalecem as conexões neurais que se deterioram com a idade”, afirma o médico.
Bebidas energéticas estimulam o cérebro, não os músculos
Pesquisas mostram ainda que, nas mulheres, o estresse aumenta a produção de estrógeno, auxiliando na proteção do câncer de mama. Outros estudos descobriram que doses moderadas podem ser benéficas para a recuperação no período pós-operatório. As pessoas observadas no estudo que sofreram um estresse moderado tiveram uma recuperação melhor do que as que passaram por grandes doses de tensão. Um levantamento da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, sugere que pessoas que passam a maior parte da vida em empregos sem muita demanda de tarefas têm 43% mais chances de morrer prematuramente. “É totalmente lógico. Se seu corpo se estressa, ele é estimulado e sua defesa imunológica é provocada e testada. Logo, ela fica fortalecida”, diz o médico Kyriazis.
Para distinguir o bom estresse do mal é preciso perguntar a si mesmo se você sente satisfação e excitação durante as tarefas estressantes ou depois delas. Sensação de opressão pode ser sinal de um estresse ruim. Os benefícios do estresse só serão válidos se ele não durar mais de 24 horas. Segundo especialista em estresse, do Centro Psicológico do Controle de Estresse, 24 horas é o tempo necessário para que o corpo volte ao equilíbrio de seu funcionamento. Por isso, de três a cinco doses de tensão por dia são o máximo que se pode considerar saudável, pois levam a pessoa a entrar na primeira fase do estresse, chamada “fase de alerta”. “Nesse período, o corpo produz adrenalina que dá força, vigor e energia”, diz. Durante um dia, as pessoas entram e saem dessa fase com facilidade sem grandes prejuízos ao corpo. É o estresse positivo.
A segunda fase é caracterizada por sintomas como cansaço e falta de memória de informações corriqueiras, como um número de telefone usado sempre. Ela se inicia quando há uma constante liberação de adrenalina ou situações em que a pessoa não tem como resolver, como um assalto, um sequestro ou até uma conta a se pagar quando não se tem dinheiro no banco. Nessa fase, a pessoa precisa ter cautela e se poupar para se proteger, diminuindo o ritmo de trabalho e mudando a rotina para não entrar nas fases seguintes do estresse, que são mais graves. As duas últimas fases estão ligadas e são chamadas de “fase de exaustão” e ocorrem quando a pessoa já não tem resistência física. É comum que doenças surjam e estejam relacionadas ao estresse, como queda de cabelo, acne, gastrite e alteração da pressão arterial.
Fonte de pesquisa: Revista Época
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