terça-feira, novembro 23

Tudo o que Você Deve Saber Sobre Suas Unhas

Unha forte, sinal de saúde


Aprenda a fazer um auto-exame só de olhar para as mãos. Manchas, descamações, mudança de cor e alterações no formato das unhas são pistas para inúmeros males - de uma simples micose até doenças cardíacas

Entre as crendices populares brasileiras, uma das mais famosas diz respeito ao aspecto das unhas. Há quem acredite que as manchinhas, que surgem de uma hora para outra, significam a chegada de boas-novas. Em certas regiões do país, o povo garante que elas aparecem na mesma proporção das mentiras que contamos. Coincidências e lendas à parte, o fato é que essas marquinhas querem nos avisar de algo muito mais importante: que precisamos ouvir rapidamente a opinião de um dermatologista, para ver o que há de errado em nosso organismo.

Não é à toa que muitos médicos pedem para ver as mãos dos pacientes durante o exame clínico. “Qualquer alteração patológica nas unhas deve ser observada com rigor, pois sinalizam desde falta de nutrientes, estresse e micoses até problemas mais sérios, como cirrose hepática, insuficiência renal e endocardite (a inflamação do revestimento interior do coração, geralmente provocada por bactérias)”, garante o dermatologista Guilherme de Almeida, de São Paulo. Sua colega de profissão, a médica paulistana Aurea Lopes, concorda e aponta como outras causas males como dermatite de contato, lupus eritematoso (doença crônica que causa inflamações em várias partes do corpo) e até mesmo problemas circulatórios periféricos, cardiológicos e intestinais.

VOCÊ SABIA? ELAS CRESCEM, EM MÉDIA, TRÊS MILÍMETROS POR MÊS. AS UNHAS DAS MÃOS TÊM UM CRESCIMENTO APROXIMADAMENTE QUATRO VEZES MAIS RÁPIDO DO QUE AS DOS PÉS

Na maior parte das vezes, as manchinhas esbranquiçadas e pequenas são resultado de batidas leves que provocam pequenos traumas na matriz ungueal (local onde as células de queratina que formam a unha são produzidas). Assim como aquelas linhas finas e verticais (faixas hemorrágicas) decorrentes do rompimento de vasinhos minúsculos, essas marcas somem sozinhas e nem sempre são motivo de preocupação.

Porém, se elas tomam quase toda extensão da unha e não desaparecem, vale a pena consultar um médico especialista. A presença desses sinais pode indicar inúmeros problemas de saúde, possíveis ameaças ao bom funcionamento do organismo e até o uso de determinados medicamentos. Os remédios quimioterápicos e alguns antibióticos usados para tratar infecções bacterianas, por exemplo, impulsionam a manifestação de manchinhas nas unhas.

O QUE AS MÃOS REVELAM SOBRE A SAÚDE

Fique atento às mudanças na coloração, forma e textura das suas unhas:

- Manchas esbranquiçadas:


Anemia, carência de zinco e proteínas, dermatites de contato (alergias a esmaltes, sabões, detergentes...), psoríase, micoses, intoxicação por metais pesados, insuficiência renal

- Manchas amarelas ou unhas amareladas:

Freqüentes em fumantes, também indicam uso crônico de antibióticos, ingestão em excesso de betacaroteno (precursor da vitamina A, encontrado em cenoura, beterraba, mamão...), diabetes, micoses e males do fígado

- Arroxeadas:

Micoses, tumores, uso de remédios coagulantes, males cardíacos, lupus eritematoso

- Esverdeadas ou com inchaços, vermelhidão e dor que se expande ao redor dos dedos:


Infecções bacterianas e micoses

- Metade branca, metade avermelhada:

Problemas renais

- Faixas negras:

Disfunções hormonais, micoses, tumores na matriz ungueal, câncer de pele (melanoma)

- Fracas, secas, quebradiças, com tendência à descamação:

Falta de cálcio, além de zinco e vitaminas A, B e E, nutrientes que constituem a unha. Anemia, hipotireoidismo

- Amarelada, espessa e sem crescimento:

Distúrbios pulmonares

- Ondulações, que, no caso das mulheres, ficam aparentes mesmo com duas camadas de esmalte:

Geralmente indicam traumas (a espátula de empurrar cutícula é usada com força). E ainda: anemia e doença cardíaca ou pulmonar

Como fazer o auto-exame

Para a médica Marcelle Miranda, especialista em estética do Rio de Janeiro, observar alterações na coloração é o primeiro passo para um autodiagnóstico inicial. Por exemplo, se o leito (a pele que fica logo abaixo da lâmina, que é a parte mais visível da unha) estiver arroxeado, é preciso vigília dobrada. A cor escura demonstra que o sangue não está circulando direito nas mãos e pode indicar possíveis disfunções cardíacas. Além da mudança na cor, é preciso ficar atento à forma e textura das unhas. As temidas micoses (infecções por fungos) se manifestam pelo aumento da espessura da unha, descolamento ou alteração da cor. Quando a causa é orgânica, a infecção surge nas mãos e nos pés. Se não tratadas a tempo, com remédios orais ou tópicos, leva à perda da unha — que demora mais de seis meses para crescer. Quanto às unhas com ondulações, vale um alerta. Segundo artigo de Robert Baran, criador do primeiro centro de diagnóstico e tratamento das doenças das unhas, publicado na revista Scientific American Brasil, as convexas e sem brilho são típicas de portadores de doença cardíaca ou pulmonar crônica. E as unhas côncavas, especialmente em crianças, podem indicar um possível déficit de ferro no organimso.

ESTIMA-SE QUE, POR ANSIEDADE E NERVOSISMO, 1/3 DA POPULAÇÃO TENHA O MAU HÁBITO DE ROER AS UNHAS


O QUE VOCÊ DEVE E NÃO DEVE FAZER

Levar o próprio kit de manicure ao salão de beleza.

SIM, principalmente para evitar micoses. “O fungo pode passar de uma unha para outra por meio da lixa ou de material não esterilizado”, afirma a dermatologista Juliana Neiva.

Recorrer a esmaltes e produtos especiais para fortalecer as unhas.

DEPENDE. Se o problema for passageiro, fruto de uso de medicamentos ou de baixa resistência, há possibilidade de melhora. Mas é importante identificar no rótulo a presença de formol e baixa concentração de vitamina E. Outra medida válida é manter as unhas hidratadas com cremes à base de uréia e lactato de amônia. No entanto, se o enfraquecimento estiver relacionado a problemas de saúde ou se a pessoa viver em dietas muito restritivas, só um médico tem condições de recomendar o tratamento correto.

Usar luvas para lavar louça e prevenir alergias nas mãos.

SIM. Os detergentes costumam conter substâncias nocivas para a cutícula de pessoas predispostas a dermatites de contato. As luvas são uma boa forma de proteção.

Preservar sempre a cutícula.

EXATO. Segundo o dermatologista Guilherme de Almeida, ela serve para proteger a matriz da unha e impedir o surgimento de infecções ou micoses. As cutículas devem ser empurradas e nunca cortadas com tesoura ou alicate. Removedores especiais são uma alternativa.

Passar esmalte vermelho para fortalecer a unha.

PURO MITO. Acredita-se que, ao pintar as unhas com essa cor, as mulheres ficam mais cuidadosas e o esmalte dura mais. Daí a lenda.

Lixar a unha no formato quadrado.

SEM DÚVIDA, porque aparar os cantos favorece infecções e facilita o encravamento. As unhas crescem 0,1 milímetros por dia, em média, e devem ser lixadas uma vez por semana. A dermatologista Marcelle Miranda sugere adotar as lixas simples, de algodão, no lugar das metálicas, que estragam as pontas. Outro toque: “Evite lixar a parte de cima da unha. Isso destrói a queratina”, orienta a médica.

Evitar o uso constante de esmalte.

ISSO MESMO. A dermatologista Marcelle Miranda, do Rio de Janeiro, recomenda deixar as unhas “respirarem” de vez em quando. “Uma dica é retirar o esmalte um dia antes de fazê-las”, conta. Para evitar alergias indesejáveis, que comprometem a saúde da cutícula, é bom fugir de esmaltes e produtos à base de tolueno e formaldeído.

Usar modelos postiços para evitar roer as unhas.

BOA IDÉIA, apenas se os cuidados com a higiene forem redobrados. “Por causa da umidade, há maior propensão à proliferação de fungos. Portanto, a manutenção e a secagem adequadas são cuidados essenciais”, sentencia Marcelle Miranda. O melhor seria parar de roer as unhas. O mau hábito favorece o transporte de microrganismos da unha até a boca. Também pode desgastar o esmalte dos dentes e facilitar o aparecimento de cáries. Até habilidades como escrever, digitar, tocar instrumentos e dirigir são reduzidas quando o roedor compulsivo promove danos às unhas e à pele ao redor.

NOSSAS GARRAS EM PEDACINHOS

A unha é composta por células de queratina, uma proteína dura e impermeável encontrada também nos fios de cabelo e, com uma textura mais mole, nas camadas superficiais da pele. A parte visível é a lâmina, margeada por um tecido (a famosa cutícula). Logo abaixo fica o leito, uma espécie de pele que sustenta a raiz da unha e a lâmina. As dobras nas pontas dos dedos dão sustentação e forma a cada unha e recebem o nome de pregas. A matriz ungueal, escondida sob a cutícula, é o local onde as células queratinosas se proliferam e asseguram o crescimento da unha. Aquela meia-lua branca na base chamase lúnula, um reflexo parcial da queratinização das células nessa região. A parte visível da unha (a lâmina) é formada por células mortas — por isso, não sentimos dor quando a cortamos. Agora, se por algum motivo a unha é arrancada desde a raiz, dói bastante, pois o impacto acaba atingindo a parte viva, onde as células estão sendo produzidas.

CUIDADOS ALÉM DA MANICURE

Não é só a ida freqüente ao salão de beleza que ajuda a deixar as unhas mais saudáveis. Se a má aparência for somente de origem estética, o uso de hidratantes para as unhas já ajuda bastante, assim como o hábito de sempre lavar as mãos com água fria ou morna para não ressecar a pele. Outra dica é caprichar na alimentação. A nutricionista Vanderli Marchiori (SP) indica grãos integrais e castanhas (ricos em zinco) e ovos e carnes magras (fontes de proteína) para potencializar a formação da queratina. “O ideal é ingerir pelo menos duas porções diárias desses alimentos. E quanto mais frescos, melhor”, destaca Vanderli.

Fonte de pesquisa; Uol

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