terça-feira, março 3

Despertar

Estava passeando pela Internet quando me deparei com esta estória, deveras interessante, gostei e postei no meu blog, vejam só:

Como saber se esta vivo ou morto? Sonhando ou acordado? ... Saia de trás deste escudo, covarde!... As lembranças passavam por sua mente como um turbilhão. E não só imagens. Sensações, sons, medos, angústias... Tudo saltava em sua mente como um mosaico difuso e abstrato. Cenas se formavam em sua cabeça e desapareciam tão rápida quanto vieram. Outras ainda duravam um pouco mais. Umas eram dolorosas... ... é inacreditável! Atingiu meu escudo!... ... outras, confortantes. ... Está se recuperando muito bem! Vai ficar bom em breve...

Houve uma batalha. Uma vitória quase garantida. Um ato heróico e suicida do inimigo. Uma manobra arriscada que deu certo. ... Você rasgou os olhos!... Então veio a cintilante explosão. Um dragão engoliu-o. Em seguida o silêncio quebrado por vozes distantes. ... Meu Deus, o que houve aqui? ... Ei, pode me ouvir? ... Levem-no para o helicóptero! Tudo o mais parecia confuso. Pessoas de branco a seu redor. Cuidando dele. Admiradas. ... Esta recuperação é fenomenal! ... Cuidem dele! Este homem é especial! Vozes. Sons. Cheiros. Cheiro de álcool, de remédio. De hospital. E de repente tudo isso desapareceu. E ele se viu em um descampado rochoso. Trajava sua armadura. Seu inimigo corria contra ele. Seu punho erguido, ameaçador, seu olhos ensangüentados. E então foi atingido. Em cheio! Reaja! - Ahhh! Morra maldito cavaleiro!

Mas sua explosão de cosmo apenas abriu um buraco de meio metro de raio na parede branca à sua frente. Olhou em volta e se viu cercado por uma cortina branca. Agora estava sentado em uma cama de hospital. Trajava apenas um avental hospitalar. O único som era o da copa da árvore que tocava a janela ao seu lado e arranhava o vidro. Puxou a cortina e deparou-se com uma enfermaria. Ao seu lado uma série de camas estavam alinhadas. Todas vazias e manchadas de sangue. Levantou-se. Sentiu alguma dificuldade em se equilibrar. Buscando apoio foi até um lavabo. Jogou água no rosto e encarou o espelho. - Al Ghul... Algol... Argol... Balançou a cabeça. Seu nome era Al Ghul, mas o chamavam de Argol.

Diante do espelhou buscou reconhecer-se. Tocou o rosto largo, de traços firmes, alisou os cabelos louros. Tocou o corpo em busca de ferimentos. Estava curado. Saiu cambaleante em busca de alguém. Percorreu os longos corredores absolutamente vazios. Estava tudo revirado naquele hospital, parecia que houvera uma guerra ali. Macas tombadas, medicamentos e aparelhos espalhados pelo chão. E o mais bizarro eram as manchas de sangue nas paredes e no chão.

Chegou à um saguão, na entrada do hospital. No balcão da recepção um computador estava ligado. O monitor ensangüentado e a tela rachada. Pôde ver a data e constatar assustado que dormira três dias. Foi até a rua. Ainda que não encontrara ninguém, sentia certo pudor, afinal estava nu, trajava apenas o fino avental. Percorreu as ruas absolutamente desertas. Carros parados, tombados, casas vazias. As vitrines das lojas estavam quebradas, muros pichados. Alguns estabelecimentos pegavam fogo. Argol estava convencido de que houvera uma guerra. Encontrou uma praça. Havia uma estátua no centro. Ao redor um carrinho de pipocas virado e uma banca de jornal revirada. Sentou em um banco e suspirou longamente observando o céu alaranjado. Fitou por longos instantes uma pichação em um muro adiante: “Quando não houver mais espaço no Inferno... Os mortos caminharão sobre a Terra.” O que estava acontecendo? Explodiu uma guerra? E em apenas três dias dizimou toda a cidade? Pouco provável... Resolveu então se levantar e ir até a banca de jornais em busca de informações.

Pegou um primeiro exemplar. A manchete em letras garrafais anunciava: “Os mortos andam!”. Achou sensacionalista demais. Buscou outro jornal e leu a manchete: “Seria um castigo dos deuses?”. Jogou fora também. Resolveu buscar as revistas, mas nenhuma delas trazia qualquer notícia sobre o ocorrido. As revistas são semanais ou quinzenais, não tiveram tempo para anunciar... Então achou uma edição extra de um jornal sério da Grécia. “Os mortos não morrem”, dizia a manchete. Folheou um pouco e achou uma entrevista. “Não importa o que façamos... Os mortos simplesmente não ficam mortos! Eles voltam e nada pode pará-los. Se encontrar um desses não há o que fazer, portanto corra. Corra o quanto puder e salve sua vida”. Eram as palavras de um médico. - Todos piraram por aqui...

Resolveu deixar os jornais de lado. Foi até uma loja de roupas ali na frente. Entrou pela porta escancarada e procurou algo para vestir no meio das peças reviradas. Pegou uma calça jeans, vestiu uma camiseta regata branca e uma camisa azul de algodão por cima. Procurou mais um pouco e achou um par de calçados, um desses tênis que se parecem com sapatos, de couro. Olhou-se no espelho, ajeitando a roupa no corpo. Há algum tempo não usava roupas mais comuns. A armadura era trajada apenas com um colante por debaixo, e quando não estava com ela tinha que usar aquelas roupas medievais do Santuário. Argol tinha uma ponta de vaidade e gostava de se vestir bem e desprezava aqueles trajes medievais horríveis, sentia-se mais confortável com a armadura do que com eles. Achou um pequeno lavabo, na certa destinado aos funcionários. Lavou bem o rosto e molhou os cabelos, prendendo-os para trás com um elástico que achou.

- Preciso sair desta cidade... Não quero nem saber o que aconteceu aqui... - disse para si mesmo. Ouviu um barulho. Virou-se rapidamente procurando a causa do som. Por um momento achou que tinha sido só impressão sua até ouvir novamente. E de novo. Então o som seco de uma batida tornou-se constante. Com cautela o cavaleiro voltou até o saguão da loja, onde percebeu que o som vinha de fora. Algo batia contra a vitrine da loja. Vez ou outra se ouvia um gemido rouco. Resolveu sair e verificar. Pé ante pé, cautelosamente foi até o lado de fora, e então viu... - Mas o quê! Quando se deparou com a cena ficou olhando intrigado. Um senhor batia incessantemente sua cabeça contra o vidro da vitrine, gemia e continuava a bater. Primeiramente o cavaleiro pensou em sair e ignorar o homem, mas quando viu um veio de sangue escorrendo por seu pescoço achou que ele precisasse de ajuda. - Senhor... Está bem? - aproximou-se ele. O homem virou de súbito, e a visão de seu rosto causou um arrepio imediato no cavaleiro. Seu estômago se embrulhou e um rápido pavor correu-lhe a espinha. O homem parecia um animal deformado. Rosnava e mostrava os dentes enquanto sua pele flácida se retorcia em uma expressão indescritivelmente animalesca. Sua carne parecia estar em decomposição, a pele estava acinzentada e cheia de manchas. Mas o maior espanto veio quando Argol constatou o ferimento que fez o sangue escorrer. Faltava um pedaço do pescoço do homem. Como se sua carne tivesse sido arrancado pela mordida de um animal selvagem deixando sua traquéia exposta. O sangue escorria lento e viscoso, muito escuro, como se já tivesse coagulado. - Mas que merda é essa! - exclamou Argol.

Antes que pudesse compreender qualquer coisa o homem avançou como um animal sedento por sangue e faminto por carne. Rosnando e mostrando os dentes tentava a todo custo morder o cavaleiro, que se viu encurralado. Fechou seu punho e tentou desferir um soco. Pensou em pedir socorro. Mas não havia ninguém. Nem nada a seu redor que pudesse usar como arma. Chegou a achar que estava em um terrível pesadelo. Como poderia uma cidade inteira sumir? E agora surgira uma besta demoníaca querendo arrancar-lhe pedaços com os dentes. Teria o mundo enlouquecido? Ou teria ele morrido e ido parar no inferno? Fonte de pesquisa: Geocites.com.br

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